
As medidas de Trump
Izner Hanna Garcia
A espécie humana é ‘viciada’ em explicação. Faz parte de nossa construção neural achar uma explicação para qualquer fato, ato, acontecimento. Não importa se esta explicação é correta, verdadeira ou não. O que interessa-nos, homos sapiens, é ter uma explicação.
Um dos desvios da realidade que a miúdo incorremos é achar uma explicação retrospectiva para os fatos afinal, diga-se, nada melhor que ser um profeta que explica o ontem porque é muito difícil prever o amanhã.
Um dos piores conselheiros que podemos ter é o sucesso.
Quando se logra um sucesso, de modo geral, a nossa tendência é achar uma excepcionalidade que nos engrandece como especiais e que assim explicam o nosso sucesso.
Ao inverso, quando se amarga um fracasso, geralmente encontramos vários culpados ou fatos culpáveis que, enfim, de uma maneira ou outra, nos alivia de nossa própria responsabilidade.
Este comportamento mostra-se presente em termos individuais mas também em termos coletivos.
Aqui então chegamos aos EUA.
Um grande país, com sucesso estrondoso. O magister dixit do século XX.
Assim, embalado pelo sucesso, ou-se às explicações retrospectivas, tal seja, o sucesso dos EUA levou uma grande maioria a desfilar as causas deste sucesso como uma excepcionalidade dos norte americanos, desde teorias raciais (e racistas) até o enaltecimento do seu regime democrático e liberal como fator de germinação de criatividade e empreendorismo.
Cabe a pergunta: será que seria isso?
Façamos uma rápida análise histórica e geográfica.
Os EUA, em rápidas linhas, terminada a Guerra de Secessão, o que eram?
Um grande país, com terras fertéis, banhado e protegido por 2 oceanos, “próximo” da Europa e Ásia, com fronteira por terra somente com 2 países (México e Canadá) que nunca representaram ameaça.
Por outro lado qual era a situação da Europa? Um continente com dezenas de países, com uma história de guerras e rivalidades onde cada país nutria uma história de agressões.
E a situação da Rússia? Acossada em guerras com o Japão, com fronteiras com a China, India e uma dezenas de países. Não esqueçamos: já na fase final do regime Czarista.
A China? Na fase final do seu regime imperial, totalmente submetida ao colonialismo ocidental, pobre e dominada desde que “perdeu o bonde da história” não percebendo-se da transformação da revolução industrial.
Índia? Igualmente. Dominada pelo Império Britânico, dividida em centenas de subreinos cuja fragmentação sempre foi um impeditivo à sua independência.
O Japão tentando ‘correr’ atrás do seu atraso e promover uma industrialização.
O Sudeste Asiático dominado por países europeus.
Idem a África.
Da América Latina, bem, nem precisamos estender para lembrar o quanto ‘para trás’ havíamos ficado.
Assim, os EUA emergem no final do século XIX como uma potência em expansão, usufruindo de sua ligação com a Inglaterra (berço da revolução industrial), criando uma grande rede ferroviária que “trouxe o oeste” como um campo altamente produtivo, desenvolvendo uma base industrial que em breve iria rivalizar com a Europa.
Neste momento a Inglaterra, o Império em que o sol não se punha, estava envolvida em uma guerra na África do Sul com a Holanda (Guerra dos Boers) que, enfim, mesmo tendo ganho, fez com que terminasse o século XIX como devedora dos bancos norte americanos.
No início do século XX os EUA já tinha uma produção de aço maior que Inglaterra, França e Alemanha.
Por outro lado e na mesma seara os EUA foram extremamente favorecidos por seus imensos recursos naturais, destacadamente ouro e petróleo, cujas descobertas propriciaram uma liderança de produção e refino naqueles primórdios.
Neste meio tempo a Europa preparava-se para a auto-destruição e já entabulava as tensões que conduziram à 1ª Guerra Mundial.
Entre 1914 e 1918 a Europa promoveu uma carnificina que custou aproximadamente 10 milhões de militares mortos e outros 20 milhões de feridos e mutilados e outros 20 milhões de mortos civis. Além, é claro, de muito destruição material, pobreza e tudo que a guerra deixa em sua esteira.
Esta guerra abalou também o Oriente Próximo, especialmente com o fim do Império Otomano.
E, mais ainda, no meio desta guerra, a Rússia viu-se engolfada por uma Revolução que culminou na queda do regime Czarista e uma guerra civil que prolongou-se por vários anos.
Enquanto tudo isso acontecia com as potências européias e enquanto a Índia e China eram ainda colônias e a Rússia debatia-se em uma guerra civil, eis que os EUA avam ‘ilesos’ e, na verdade, beneficiavam-se de toda esta confusão destrutiva do mundo. Sem sofrer um só ataque, protegido por 2 oceanos, sem preocupação com suas fronteiras, sem ver suas indústrias destruídas por bombas, sem ver sua população morta, emerge após a 1ª guerra como uma potência industrial, financeira e militar. Melhor ainda: auto sufiente em energia.
Mas as benesses não foram só essas. Os EUA, como grande país da esperança, foi o destino de milhões de imigrantes que afluiram ao país em busca do sonho americano, acelerando seu processo de crescimento.
Devido até a esta condição de crescimento excepcional houve o “soluço” da crise de 29 e a grande depressão que seguiu-se. Momento sombrio dos EUA, realmente sério.
Mas eis que os fatos ou fados de novo vieram em ajuda do colosso norte americano. A Europa, de novo, não satisfeita com seu banho de sangue promovido na 1ª Guerra, faz uma outra guerra.
Não vem ao caso analisar os fatores que conduziram a tal. O fato é que a 2ª Guerra veio “salvar” os EUA da grande depressão, muito mais que o New Deal e a história se repetiu só que maior e melhor para os EUA e pior e maior para a Europa.
Igualmente à 1ª Guerra na 2ª Guerra os EUA são poupados, somente entram na guerra depois que as partes já estavam desgastadas e, claro, além disso, não podemos esquecer, a “parada feia” foi entre a Alemanha e a Rússia (então União Soviética).
Assim, quase como um replay, os EUA emergem da 2ª Guerra como uma potência intacta, com uma indústria intacta, uma população intacta e, claro, um capital intacto.
Por outro lado a Europa termina muitos degraus abaixo. A Inglaterra, definitivamente, não mais um Império. A França ainda tentando manter seu status mas, claro, já sem força. A Alemanha destruída. O Japão subjulgado. A Índia e China em processo de independência ou, melhor, libertação do jugo europeu mas, claro, com todos os problemas e dificuldades e pobreza inerentes. E a União Soviética tendo de se reconstruir e, ainda, fazer frente (ao menos militar) ao colosso norte americano.
De 1945 em diante, então, é a vez inconteste dos EUA. O dolar domina o mundo, sua indústria, seu capital e sua força militar são incontrastáveis.
Começa, então, a guerra fria. EUA x União Soviética. O bem contra o mal.
Façamos um salto: chegamos à queda do muro de Berlin. Os EUA venceram a União Soviética que ‘deita’ derrotada. O bem venceu o mal.
Então, de agora em diante, serão mil anos de felicidade e prosperidade.
Bem, faltou – como dizemos – combinar com os russos.
Em primeiro lugar: a União Soviética acabou mas a Rússia não.
Enquanto a Rússia se reestrutura pós dissolução da União Soviética os EUA, embalados por seu sucesso, continuou na mesma meada de sempre sem repensar sua estratégia. Invasão do Iraque, invasão do Afeguenistão. Bilhões e bilhões jogados literalmente pelo ralo, sem proveito.
Mas, nestes 25 anos (de 2000 até 2025) o que acontecia? A China trabalhava, economizava e investia. A Índia trabalhava, economizava e investia.
Então eis que se chega em 2025 e os EUA percebem que estão acossados pela Ásia.
De um lado patrocinam uma guerra contra a Rússia certos de que suas 11 mil sanções e apoio militar ao exército ucranniano (que era o maior exército terrestre da europa construído ao longo de quase 10 anos pela intervenção direta dos EUA e países europeus) iriam dobrar a Rússia em 6 meses. Não aconteceu. Pior, ados já anos, se constata que a tecnologia militar e capacidade de armamento russo é muito superior ao ocidental e, choque dos choques, a Rússia na verdade vai muito bem, obrigada.
De outro lado, enquanto os EUA faziam guerras no Oriente Médio não perceberam o crescimento exponencial da China principalmente mas, não só, porque não podemos esquecer de todo sudeste asiático e da Índia.
Em síntese, em 2025, os EUA são essencialmente uma potência incontrastável em dois aspectos: mercado consumidor e sistema financeiro.
Excluíndo estes dois tópicos, em todas as demais, os EUA não estão na liderança inconteste.
Um ditado antigo italiano diz que “em casa que falta pão todo briga e ninguém tem razão”. Bem, poderíamos até modificar o ditado: todo mundo tem razão. Não importa. O que importa do ditado é a falta do pão.
Por óbvio que para os EUA não falta pão. Não é isso.
Mas fica evidente que o colosso norte americano, o american dream perdeu o lustro, o brilho. Basta ver como – sob qualquer métrica – a classe média norte americana está em franco encolhimento.
Esta situação, evidente, leva à tensões sociais que refletem na política e logicamente explicam, em grande parte, a polarização que se vê naquele país. Uma situação onde a sociedade, olhando o futuro, vê um cenário pior do que o presente. Isso é péssimo, para pessoas, empresas e países.
Bem, então, chegamos em Trump.
Eleito como o “salvador da América”, sob o slogan FAZER A AMÉRICA GRANDE DE NOVO, iniciou um governo sob o signo de uma refundação dos EUA com grandes medidas aparentemente reformadoras.
Não é possível aqui armos a discutir em que medida Trump, como presidente eleito, tem de fato o poder para empreender reformas estruturais que julga necessário. Essa análise, por demais subjetiva, deixaria o debate na especulação do subjetivismo onde qualquer afirmação ou negação seriam meros exercícios de um querer do interlocutor do que um raciocínio fundamentado.
Vamos analisar, em síntese, as medidas tomadas por Trump e quais foram os fundamentos e análises que levam a tais raciocínios.
Basicamente o governo Trump:
- Identifica que os EUA são os grandes prejudicados na relação comercial globalizada visto que os países, em sua maioria, produzem bens que vendem para os EUA sem oferecer uma contrapartida comercial justa
- Identifica que os EUA são enormemente prejudicados por uma imigração descontrolada que “tira o emprego” do norte americano
- Identifica que a Europa e os países asiáticos aliados aproveitam-se da proteção geopolítica e militar dos EUA sem “remunerar” este “serviço” que lhes é prestado
Em apertadas linhas esta é a base dos argumentos do governo Trump.
Dito isso, para enfrentar estas distorções, o governo Trump anunciou:
- Aumento substancial de tarifas alfandegárias
- Política de expulsão de imigrantes ilegais
- Postura de cobrança aos aliados
Não obstante, parece, tais medidas são totalmente equivocadas e, pior, partem do diagnóstico errado dos problemas.
PONTO 01 – Relação Comercial Desequilibrada
O argumento de que dezenas de países – notadamente a China – literalmente se aproveitam da boa fé dos EUA e vendem seus produtos sem oferecer uma contrapartida comercial equivalente é falsa simplesmente porque desconsidera um fato primordial: o predomínio do dólar como moeda corrente internacional que denomina as transações internacionais.
O fato de que a moeda norte americana é a moeda corrente global é uma enorme e desproporcional vantagem aos EUA.
Lembremos que o dólar é uma moeda meramente fiduciária, tal seja, não há um lastro que a garante e sim e somente a confiança (=fidúcia - Origem etimológica: latim fiducia, -ae, confiança) no emissor. Desde 1971, quando o então presidente Nixon revogou a conversibilidade do dolar em ouro, praticamente os EUA, digamos assim, criou uma possibilidade ilimitada para sua economia já que podia (como fez) emitir títulos da dívida sem qualquer lastro e estes títulos foram aceitos por todo mundo como meio de pagamento.
Assim e por essa razão a capacidade de endividamento da economia norte americana transformou-se em infinita e, ao contrário de todos os demais países, a impressão monetária deste ‘papel pintado’ sem lastro, não gerou uma substancial (ao menos não explosiva) inflação já que grande parte desta impressão não circulou e circula no próprio EUA mas sim é absorvida pelos diversos países, por players privados e públicos.
Por esta razão que os EUA podem ter uma dívida pública que ascendem hoje a mais de USD 36 trilhões e ter um orçamento federal de USD 6 trilhões sendo que USD 2 trilhões são cobertos com novos empréstimos, considerando que USD 1 trilhão deste orçamento é gasto para pagamentno de juros.
E com tudo isso ainda manter uma taxa de juros dentro de um limite muito confortável.
Não ver que esta vantagem é um contrapeso muito maior que qualquer outra é negar o óbvio.
Mas, mesmo que se desconsiderar tal, pensando somente no aspecto comercial em si, há também uma falácia muito grande em acusar a China ou Índia simplesmente.
O custo da hora de um trabalhador indiano é, mais ou menos, em torno de 3% a 6% de um trabalhador equivalente norte americano. Quanto à China este custo é da ordem de 20%. Obviamente que a produção nestes países, não só pelo fator da mão de obra, torna-se mais barata.
Por que?
Simplesmente porque são mais pobres e, enfim, a estrutura que forma o custo de produção é mais frugal.
Esqueçamos os itens primários de consumo. Pensemos nos produtos que são, enfim, itens que compõem a produção de bens de capital. Ora, um carro, mesmo que feito nos EUA, terá peças vindas de várias partes do mundo. Este movimento é inexorável em um mundo onde as tecnologias de transporte e cadeias de logistica permitem esta integração.
Se os EUA simplesmente barrarem esta sinergia, seja por aumento de tarifas ou proibição mesmo, o que acontecerá? As empresas norte americanas irão simplesmente venderem com prejuízo? Ou irão rear os aumentos de custos?
Creio que quem viveu o Plano Cruzado e lembra-se dos “fiscais do Sarney” sabe a resposta.
Ademais, pensemos, este movimento de produzir na China, por exemplo, foi muito benéfico para grandes empresas norte americanas que, ao longo de décadas, com esta operação logística multiplicaram seus lucros e possibilitaram, na ponta final, um preço mais barato ao consumidor norte americano.
Assim, fica nitido que a relação comercial dos EUA com o resto do mundo não é desequilibrada mas sim a mais próxima da teoria econômica de Adam Smith em sua obra A Riqueza das Nações.
PONTO 2 – Política Imigratória
Não é possível deixar de pensar no paradoxo de Trump em apontar contra a política imigratória como se os imigrantes fossem os culpados pelo declínio dos EUA quando sua esposa mesmo é uma imigrante.
Mas, deixando de lado a piada de mal gosto, desde quando a imigração fez mal a algum país? Os EUA mesmo foi o país que mais recebeu imigrantes no mundo e isso muito ajudou o desenvolvimento do país.
Em sua maioria o imigrante busca uma vida melhor. Saí de seu país para ‘fazer a vida’ em uma terra estrangeira. Geralmente, em grande maioria, aporta uma força de trabalho disposta a trabalhar mais e por menos.
Evidente que tal condição, em termos de macroeconomia, traz mais ganhos do que perdas ao país já que o imigrante deixa no país mais horas por menos dolares.
PONTO 3 – Cobrança dos aliados
Nestes breves primeiros meses do Governo Trump ficou claro, principalmente em uma rodada do vice presidente DJ Vance à Europa, que o atual governo norte americano sente-se ‘injustiçado’ ou ‘não remunerado’ pelos serviços que presta aos seus aliados, notadamente Europa no seu conjunto, Canadá, México e Japão.
Todavia, parece, o governo norte americano esquece-se que todas as benesses que “concede” a seus aliados se traduz em alienação de parte da soberania destes países aos ditames justamente dos EUA.
Ok que DJ Vance diga à Europa: em a caminhar com suas próprias pernas, paguem mais OTAN que protege vocês e etcs..
Mas, digamos em exercício hipotético, que por exemplo a Alemanha ‘ouvisse’ estas palavras e dissesse: “ok EUA, vou então negociar com a Rússia e a China para ter investimentos mais vantajosos”.
Será que os EUA aceitariam?
Dito de outra maneira: todo o custo que os EUA fazem frente em relação aos seus aliados não a de um instrumento para que, justamente, possa exercer controle e influência. Se de fato seus aliados fossem abandonados e assim os EUA não tivessem mais qualquer custo com eles também seria permitido, ato contínuo, mais ainda o avanço de outras nações nas esferas que hoje são controladas pelos norte americanos.
Assim, na verdade, nenhum diagnóstico e consequente nenhuma medida adotada pelo Governo Trump estão corretos. Ao contrário, muito equivocados.
Os EUA, parece, estão confrontados pela primeira vez em sua história com um cenário mundial aonde existem desafios reais à sua hegemonia e fica claro que não está sabendo jogar.
A grosso modo, de modo exemplificativo mas que não esgota a questão, salta à vista que os EUA padecem de problemas muito mais estruturais internos, tais sejam:
- Um alto endividamento seja público, corporativo e da população o que, em si, denota devido à trajetória em uma curva constante e ascendente, que o país e sua sociedade acostumou-se a viver acima de suas rendas
- Uma presença geo-militar que tem um alto custo que, enfim, já não é mais subvencionada pelos benefícios que aufere com esta força intimidatória (são centenas de bases militares)
- Uma sociedade literalmente viciada em consumo
- Uma desproporção do sistema financeiro transformando o país refém de um capitalismo financeiro em detrimento de um capitalismo de produção
- A mantença de guerras constantes com alto custo
- Um custo de produção interno punitivo e muito maior que outros concorrentes
- O alto custo de deterem a moeda de conversão global
Dito isso, se os EUA querem ser grande novamente e buscar um processo de processo de industrialização, atraíndo empresas que irão produzir em solo norte americano, melhor seria que tivessem – sem arrogância – olhado a política de Deng Xiaoping, o líder chinês que iniciou a arrancada da China.
É contado que Deng visitou Singapura e vendo a maralhiva do seu desenvolvimento, projetou em criar uma Singapura na China, depois outra e depois outra e outra, de modo que, então, estes núcleos de produção e excelência iriam “contaminar” a economia chinesa.
Trump poderia inspirar-se na política chinesa. Criar nos EUA ‘bolsões’ de produção onde criasse verdadeiras zonas francas que fossem vetores de desenvolvimento da atividade industrial. Nestes 'bolsões de produção' o governo poderia dar incentivos fiscais e, até, ser sócios das empresas em caráter minoritário, buscando desenvolver um parque industrial em várias áreas prioritárias não só à economia mas à segurança dos EUA.
Inclusive, nestas zonas de produção, poderia justamente valer-se da importação de bens de capital a um custo menor que agregassem maior competitividade ao made in EUA.
Esta política não seria contra as demais nações e sim à favor dos EUA.
Outro aspecto que poderia promover seria a remodelagem de sua infraestrutura, principalmente ferroviária, que está ficando ultraada.
Esta remodernização de sua infraestrutura poderia, novamente, emular o sistema chinês, aceitando capital estrangeiro (e assim trazendo investimentos para o país) sob a condição que o controle seria norte americano.
Igualmente esta política não seria contra ninguém e sim à favor dos EUA, gerando empregos, investimentos e, enfim, beneficiando o país pelas próximas décadas.
No aspecto da imigração, ao invés de shows midiáticos de imigrantes sendo deportados, poderia criar um programa amplo de regularização dos imigrantes, como foi no ado quando recebeu a maior imigração do mundo todo.
Outro aspecto fundamental mas que exigiria uma profunda reflexão enquanto nação, seria aceitar que o papel que desempenhou à partir de 1945 chegou ao fim e, aqui inspirando-se na União Soviética, tratar de desfazer-se racionalmente de suas posições geopolíticas e militares ao redor do globo, substituindo suas centenas de bases militares, sua frota que fica percorrendo todos os mares, renunciando às suas guerras eternas, por uma política exterior inteligente.
Esta política exterior seria mais trabalhosa, com certeza, mas resultaria em um substancial alívio orçamentário e a liberação de capitais e energias para, enfim, cuidar de seu país.
Outro ponto crucial: desarmar a armadilha do endividamento. A sociedade americana e o governo norte americano precisam adequarem-se aos seu orçamento, às suas rendas. Não é possível um ciclo de endividamento eterno. Seria como pensar que se pode revogar a lei da gravidade. Você pode ‘jogar’ uma bigornia para o alto. Se for com muita força irá tanto mais alto. Se for com muita, mas muita força mesmo, pode até parecer por um momento que ela não está submetida à lei da gravidade. Mas, enfim, a bigornia voltará à sua cabeça, com tanto mais força que foi seu arremeço. Com a dívida é a mesma coisa.
Como – será que ninguém pensa isso – os EUA aram de o grande credor do mundo ao grande devedor?
Isso não pode estar certo.
Por fim seria o caso de pensarem em, paulatinamente, não deter mais a 'moeda global' porquanto à despeito das vantagens que tal traz ao país pode ser que, à esta altura da evolução do mundo, seja já uma desvantagem.
Sem enfrentar estes problemas estruturais não resolverá nada as medidas pretendidas pelo Governo Trump.
Ao inverso. Somente aceleram o declínio do ainda Império Americano.
Izner Hanna Garcia
Advogado, pós graduado na FGV
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