Preços mundiais do arroz começam a estabilizar
Em abril, os preços mundiais do arroz caíram mais 2,5%

Panorama geral do mercado
Em abril, os preços mundiais do arroz caíram mais 2,5%, mas parecem ter chegado ao fundo do poço, mesmo com uma leve recuperação no final do mês. Ainda assim, os preços permanecem no menor nível desde setembro de 2022.
A Índia registrou quedas expressivas, enquanto os preços tailandeses também caíram, mas com menor intensidade. Em contraste, os preços do Vietnã e do Paquistão demonstraram firmeza, impulsionados por fortes vendas no Sudeste Asiático e Oriente Médio, respectivamente. Nos Estados Unidos, os preços se mantiveram estáveis, enquanto no Mercosul observou-se uma queda acentuada de 10%, motivada pela chegada de novas safras mais volumosas.
A demanda global começou a se reativar graças à abundante oferta de exportação, que deverá permanecer superavitária durante grande parte de 2025, o que tende a pressionar os preços mundiais ao longo do ano.
As perspectivas para o comércio internacional indicam um novo crescimento em 2025, superando 60 milhões de toneladas (Mt), ante 59,7 Mt em 2024. Com o fim das restrições à exportação, a Índia projeta atingir um recorde histórico de 24 Mt, o que corresponderia a 40% do comércio global.
Índice de Preços OSIRIZ/InfoArroz (IPO)
Em abril, o índice IPO caiu 5,1 pontos, chegando a 194,4 pontos (base 100 = janeiro de 2000), contra 199,5 em março. Já em meados de maio, o índice demonstrou mais firmeza, alcançando 197 pontos.
Produção mundial de arroz
Segundo as últimas estimativas da FAO, a produção mundial de arroz em 2024 cresceu 1,5%, atingindo 818,6 Mt (543,6 Mt beneficiado), contra 806,3 Mt em 2023. Esse crescimento reflete boas safras na Ásia, com destaque para Índia e China, apesar da produção nesses países ter ficado aquém das expectativas. A Índia ultraou a China e se tornou o maior produtor mundial de arroz.
Na África, a produção teve uma leve melhora. Na América do Norte, houve novo aumento após a forte recuperação de 30% registrada em 2023. O Mercosul também deve registrar crescimento produtivo.
Comércio e estoques mundiais
Comércio
O comércio mundial de arroz em 2024 subiu 12,6%, alcançando um recorde de 59,7 Mt, ante 53 Mt em 2023. O aumento é atribuído à maior demanda de Filipinas e Indonésia. Já a África Subsaariana, maior mercado importador, reduziu sua demanda devido aos altos preços durante o primeiro semestre do ano, reflexo das restrições indianas à exportação. A Índia, no entanto, concedeu isenções a países com forte dependência alimentar, especialmente na África.
A China diminuiu drasticamente suas importações em 2024, aproveitando estoques internos abundantes para abastecer o mercado doméstico. Em 2025, o comércio mundial deve crescer 1,3%, ultraando 60 Mt, o que representa 11% da produção mundial.
Estoques
Os estoques globais de arroz encerraram 2024 com alta de 2,8%, atingindo 200 Mt pela primeira vez. Para 2025, espera-se novo crescimento de 3,1%, com os estoques chegando a 205,7 Mt.
As reservas chinesas diminuíram, mas seguem elevadas, representando 70% do consumo interno e 50% dos estoques mundiais. A queda foi compensada pelo aumento dos estoques indianos, após a política de limitação das exportações. Nos principais países exportadores, os estoques somaram 65 Mt, correspondendo a 33,5% do total global.
Índia
Os preços do arroz caíram 5,5%, em parte pela desvalorização da rúpia frente ao dólar. As exportações seguem em ritmo forte, com média de 2 Mt/mês, impulsionadas pela demanda africana. As previsões apontam 24 Mt exportadas em 2025 — um aumento de 38% em relação a 2024, o que representaria 40% do mercado global. Em abril, os preços do arroz branco e parboilizado giravam em torno de US$ 376/t FOB, contra US$ 398 em março. Em meados de maio, os preços estavam estáveis em US$ 380, o menor valor desde outubro de 2022.
Tailândia
Os preços caíram 3,5%, acumulando queda de 30% desde o retorno da Índia ao mercado no final de 2024. Este é o menor patamar desde dezembro de 2021. O fortalecimento do bath no final de abril ajudou a frear as quedas. As exportações tailandesas podem recuar 25% em 2025, para 7,5 Mt. Em abril, o arroz Thai 100%B foi cotado a US$ 406 (contra US$ 418 em março) e o parboilizado a US$ 411 (US$ 425 em março). O arroz quebrado A1 Super caiu para US$ 340 (de US$ 352). Em maio, os preços se estabilizaram.
Vietnã
Os preços subiram levemente com novas demandas do Sudeste Asiático e África. A nova safra inverno-primavera ainda não chegou ao mercado. O Vietnã pode registrar queda de 18% nas exportações em 2025, com previsão de 7,5 Mt (abaixo das 9,1 Mt em 2024). Em abril, o Viet 5% foi negociado a US$ 398 (contra US$ 395), e o Viet 25% a US$ 370 (contra US$ 368). Em maio, os preços seguiram estáveis.
Paquistão
Os preços permaneceram firmes devido à demanda de importação. Com preços competitivos frente à Índia, o Paquistão poderá ver suas exportações caírem para 5,5 Mt, contra 6,5 Mt em 2024. Em abril, o Pak 5% foi negociado a US$ 390 (contra US$ 385). Em maio, os preços estavam estáveis.
China
A produção aumentou levemente (0,5%), totalizando 207,5 Mt (base beneficiado), apesar das inundações em parte do país. Com estoques ainda elevados, é provável que a China aumente suas importações devido à queda nos preços globais. Em 2025, as importações podem chegar a 2,2 Mt (contra 1,6 Mt em 2024).
Estados Unidos
Os preços caíram ligeiramente em um mercado externo pouco ativo. As exportações em abril ficaram em 185.000 t, contra 240.000 t em março, 26% abaixo do registrado no mesmo período de 2024. O preço do arroz Long Grain 2/4 foi de US$ 675/t (US$ 680 em março). Na Bolsa de Chicago, os preços futuros do arroz em casca caíram 1,8%, para US$ 292/t (US$ 297 em março). Em meados de maio, recuaram mais 6%, para US$ 275.
Mercosul
Os preços caíram 10% com a chegada das novas safras, que superaram a do ano anterior. O arroz em casca brasileiro caiu 8,5%, para US$ 264/t (US$ 288 em março). Em maio, o preço se estabilizou em US$ 265.
África Subsaariana
A demanda de importação tende a se reativar com a ampla oferta global e os preços em baixa. Em 2025, as importações podem ultraar 19 Mt.